A Lei de Amara, Hype Cycle e Blockchain
Roy Amara formulou uma lei ao observar como as pessoas avaliavam novidades nos anos 1960. A chamada Lei de Amara diz que “tendemos a sobrestimar o efeito de uma tecnologia no curto prazo e subestimá-lo no longo prazo”.
Se pararmos para analisar, essa lei pode ser aplicada para além dos produtos tecnológicos. Por exemplo, recentemente, para quem é do mundo de desenvolvimento, os bancos NoSQL seriam a solução para todas as aplicações, hoje em dia já não o vêem como essa bala de prata para aplicações web. Como também, a energia fotovoltaica seria a solução para a matriz elétrica de qualquer país, porém hoje parece algo distante.
Com a Blockchain o processo não está sendo muito diferente.
Seguindo a mesma linha do futurista Amara, a consultoria de tecnologia Gartner desenvolveu uma ferramenta chamada hype cycle que define os estágios da vida de uma tecnologia de forma gráfica.
Veja o grafico:
Aqui vamos que, para a Gartner, existe um gatilho tecnológico em que uma nova tecnologia tende a ter suas expectativas infladas até atingir um pico, coincidindo com a fala de Amara sobre sobrestimarmos o novo no curto prazo. Principalmente porque as pessoas que aderem à novidade acreditam, com convicção, em seu potencial, são os chamados early adopters.
É fácil lembrar como a Blockchain era retratada como salvadora há pouco tempo. Uma corrente de blocos era a melhor solução para dinheiro, saúde, transparência, blogs, sites de vídeo, venda de carros, bilhete de transporte público, passeio com cachorros, venda de sorvete na rua e milhares de outras aplicações.
Apesar do Bitcoin , protocolo descrito por Satoshi Nakamoto, ser uma tecnologia que completou dez anos, ela somente foi popularizado pela grande valorização da criptomoeda que vimos acontecer nos últimos quatro anos. Este foi o pico da expectativa do Bitcoin, e então vivemos o suprassumo do hype.
Como moedas virtuais são apenas uma das aplicações para blockchain, logo começaram a surgir várias outras, transformando-a na pedra filosofal do mercado de tecnologia e parecia fazer muito sentido integrá-la em qualquer serviço, naquele momento.
Entretanto, as coisas não saíram como era o esperado.
Diversos projetos foram abandonados, vários tokens foram vendidos, empresas venderam participações através de oferta inicial de moedas, (ICOs) e a mídia começou a noticiar a desconfiança nas criptomoedas do mercado financeiro.
Nesta etapa chegamos ao vale da desilusão.
Ainda não o completamos, estamos caminhando para o fundo. Se olharmos pelo prisma de Amara, este é o ponto em que as pessoas começam a subestimar a blockchain. O que torna comum noticias que dão conta de que a moeda não vale o custo de mineração, que é somente uma bolha ou que é uma tecnologia difícil de ser utilizada.
Logo, a veremos passando pelo aclive da iluminação, segundo Gartner, até chegar ao platô da produtividade e, assim, começar a ser utilizada em seu potencial.
Obviamente que a tecnologia ainda não cumprirá todas as expectativas iniciais, mas superará as pessimistas que surgem nesta caminhada para o vale da desilusão.
O ponto é que blockchain, como todas as outras tecnologias sujeitas ao hype cycle e a Lei de Amara, ainda mostrará bons frutos no futuro.